A origem dos escorpiões remonta a mais
de 400 milhões de anos. A notória capacidade evolutiva e adaptativa permitiu
que esses animais resistissem a todos os grandes cataclismos. Para sobreviver
por milênios, os escorpiões se adaptaram aos mais variados tipos de habitat,
dos desertos às florestas tropicais e do nível do mar a altitudes de até 4.400
metros. Entretanto, a maioria das espécies tem preferência por climas tropicais
e subtropicais.
Todos os escorpiões atuais são
terrestres. Podem ser encontrados nos mais variados ambientes, em esconderijos
junto às habitações humanas, construções e sob os dormentes das linhas dos
trens. Procuram locais escuros para se esconder. O hábito noturno é registrado
para a maioria das espécies. São mais ativos durante os meses mais quentes do
ano (em particular no período das chuvas). Devido às alterações climáticas do
globo, em algumas regiões, estes animais têm se apresentado ativos durante o
ano todo. São carnívoros, alimentam-se principalmente de insetos e aranhas,
tornando-os um grupo de eficientes predadores de um grande número de outros
pequenos animais, às vezes nocivos ao homem.
Entre os seus predadores estão
camundongos, quatis, macacos, sapos, lagartos, corujas, seriemas, galinhas,
algumas aranhas, formigas, lacraias e os próprios escorpiões.
As espécies de importância em saúde.
Das 1.600 espécies conhecidas no mundo, apenas cerca de 25 são
consideradas de interesse em saúde. No Brasil, onde existem cerca de 160 espécies
de escorpiões, as responsáveis pelos acidentes graves pertencem ao gênero Tityus
que tem como característica, entre outras, a presença de um espinho sob o
ferrão. As principais espécies capazes de causar acidentes graves são: Tityus serrulatus, Tityus bahiensis, Tityus
stigmurus, Tityus paraensis. O escorpião Tityus bahiensis, o único que ocorre no RS é
conhecido como escorpião
marrom ou preto.
Figura 1: Tityus serrulatus e Tityus
bahiensis.
Figura
2: Tityus paraensis. e Tityus stigmurus
Por que fazer o controle de escorpiões?
É necessário controlar as
populações de escorpiões pelo risco que representam para a saúde humana, já que
a erradicação dessas espécies não é possível e nem viável. No entanto, o
controle pode diminuir o número de acidentes e, consequentemente, a morbimortalidade.
Esses animais desempenham papel importante no equilíbrio ecológico como
predadores de outros seres vivos, devendo ser preservados na natureza. Já nas
áreas urbanas, medidas devem ser adotadas para que seja evitada a sua
proliferação, por meio de ações de controle, captura (busca ativa) e manejo ambiental.
A
busca ativa deverá ser realizada nas áreas interna e externa dos imóveis, principalmente
nos seguintes locais:
1. Assoalhos e rodapés soltos
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7. Vigas e telhados em porões, sótãos e forros no
teto
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2. Ralos de cozinha, banheiros e área de serviço
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8.
Móveis, cortinas, estantes, quadros, lareiras
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3. Frestas e vãos de paredes
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9. Roupas e
sapatos
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4. Batentes de portas e de janelas
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10.
Objetos empilhados ou jogados
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5. Caixas e pontos de energia
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11. Armários
sob pias ou gavetas
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6. Sistema de refrigeração de ar
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12.
Panos de chão e toalhas penduradas
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Nas áreas externas a busca deve ser realizada em
locais com
material de construção (pilhas de telhas e tijolos, blocos de cimento, entulho,
pedras, amontoados de madeira,
placas de concreto), lixo
domiciliar, troncos, galhos e
folhas secas caídas, objetos
descartados, garrafas empilhadas, frestas e vãos de muros, tanques, fornos de
barro e barrancos, galpões, depósitos, viveiros de mudas e plantas, caixas de
gordura, canalizações de água, caixas de esgoto, de energia Verificar
atentamente onde há mato junto aos muros e nas camadas de materiais empilhados
que ficam em contato com o solo.
O que fazer para controlar a ocorrência de escorpiões?
- Manter limpos quintais e jardins;
- Acondicionar lixo domiciliar em sacos plásticos ou outros recipientes apropriados e fechados, e entregá-los para o serviço de coleta;
- Evitar a formação de ambientes favoráveis ao abrigo de escorpiões, como obras de construção civil e terraplenagens que possam deixar entulho, superfícies sem revestimento, umidade etc;
- Preservar os inimigos naturais dos escorpiões, especialmente aves de hábitos noturnos (corujas, joão-bobo, etc.), pequenos macacos, quati, lagartos, sapos e gansos (galinhas não são eficazes agentes controladores de escorpiões);
- Evitar queimadas em terrenos baldios, pois desalojam os escorpiões;
- Remover folhagens, arbustos e trepadeiras junto às paredes externas e muros;
- Manter fossas sépticas bem vedadas, para evitar a passagem de baratas e escorpiões;
- Rebocar paredes externas e muros para que não apresentem vãos ou frestas;
- Reparar rodapés soltos e colocar telas nas janelas;
- Telar as aberturas dos ralos, pias ou tanques.
Como proceder em caso de acidente?
O que fazer?
- Limpar o local com água e sabão;
- Procurar orientação médica imediata e mais próxima do local da ocorrência do acidente (UBS, posto de saúde, hospital de referência);
- Se for possível, capturar o animal e levá-lo ao serviço de saúde, pois a identificação do escorpião causador do acidente pode auxiliar o diagnóstico.
O que não fazer?
- Não amarrar ou fazer torniquete;
- Não aplicar nenhum tipo de substâncias sobre o local da picada (fezes, álcool, querosene, fumo, ervas, urina) nem fazer curativos que fechem o local, pois podem favorecer a ocorrência de infecções;
- Não cortar, perfurar ou queimar o local da picada;
- Não dar bebidas alcoólicas ao acidentado, ou outros líquidos como álcool, gasolina, querosene, etc, pois não têm efeito contra o veneno e podem agravar o quadro.
Eloisa Marchetto – Bióloga Unicontrol
CRBio 075949/03 - D