28 de jul. de 2015

Escorpiões: o que você precisa saber

A origem dos escorpiões remonta a mais de 400 milhões de anos. A notória capacidade evolutiva e adaptativa permitiu que esses animais resistissem a todos os grandes cataclismos. Para sobreviver por milênios, os escorpiões se adaptaram aos mais variados tipos de habitat, dos desertos às florestas tropicais e do nível do mar a altitudes de até 4.400 metros. Entretanto, a maioria das espécies tem preferência por climas tropicais e subtropicais.
Todos os escorpiões atuais são terrestres. Podem ser encontrados nos mais variados ambientes, em esconderijos junto às habitações humanas, construções e sob os dormentes das linhas dos trens. Procuram locais escuros para se esconder. O hábito noturno é registrado para a maioria das espécies. São mais ativos durante os meses mais quentes do ano (em particular no período das chuvas). Devido às alterações climáticas do globo, em algumas regiões, estes animais têm se apresentado ativos durante o ano todo. São carnívoros, alimentam-se principalmente de insetos e aranhas, tornando-os um grupo de eficientes predadores de um grande número de outros pequenos animais, às vezes nocivos ao homem.
Entre os seus predadores estão camundongos, quatis, macacos, sapos, lagartos, corujas, seriemas, galinhas, algumas aranhas, formigas, lacraias e os próprios escorpiões.

As espécies de importância em saúde.


Das 1.600 espécies conhecidas no mundo, apenas cerca de 25 são consideradas de interesse em saúde. No Brasil, onde existem cerca de 160 espécies de escorpiões, as responsáveis pelos acidentes graves pertencem ao gênero Tityus que tem como característica, entre outras, a presença de um espinho sob o ferrão. As principais espécies capazes de causar acidentes graves são: Tityus serrulatus, Tityus bahiensis, Tityus stigmurus, Tityus paraensis. O escorpião Tityus bahiensis, o único que ocorre no RS é conhecido como escorpião marrom ou preto.


 Figura 1: Tityus serrulatus e Tityus bahiensis.


 Figura 2: Tityus paraensis.  e Tityus stigmurus

Por que fazer o controle de escorpiões?


É necessário controlar as populações de escorpiões pelo risco que representam para a saúde humana, já que a erradicação dessas espécies não é possível e nem viável. No entanto, o controle pode diminuir o número de acidentes e, consequentemente, a morbimortalidade. Esses animais desempenham papel importante no equilíbrio ecológico como predadores de outros seres vivos, devendo ser preservados na natureza. Já nas áreas urbanas, medidas devem ser adotadas para que seja evitada a sua proliferação, por meio de ações de controle, captura (busca ativa) e manejo ambiental.
A busca ativa deverá ser realizada nas áreas interna e externa dos imóveis, principalmente nos seguintes locais:

1.     Assoalhos e rodapés soltos
7. Vigas e telhados em porões, sótãos e forros no teto
2.     Ralos de cozinha, banheiros e área de serviço
8. Móveis, cortinas, estantes, quadros, lareiras
3.     Frestas e vãos de paredes
9. Roupas e sapatos
4.     Batentes de portas e de janelas
10. Objetos empilhados ou jogados
5.     Caixas e pontos de energia
11. Armários sob pias ou gavetas
6.     Sistema de refrigeração de ar
12. Panos de chão e toalhas penduradas





Nas áreas externas a busca deve ser realizada em locais com material de construção (pilhas de telhas e tijolos, blocos de cimento, entulho, pedras, amontoados de madeira, placas de concreto), lixo domiciliar, troncos, galhos e folhas secas caídas, objetos descartados, garrafas empilhadas, frestas e vãos de muros, tanques, fornos de barro e barrancos, galpões, depósitos, viveiros de mudas e plantas, caixas de gordura, canalizações de água, caixas de esgoto, de energia Verificar atentamente onde há mato junto aos muros e nas camadas de materiais empilhados que ficam em contato com o solo.

O que fazer para controlar a ocorrência de escorpiões?

  • Manter limpos quintais e jardins;
  • Acondicionar lixo domiciliar em sacos plásticos ou outros recipientes apropriados e fechados, e entregá-los para o serviço de coleta;
  • Evitar a formação de ambientes favoráveis ao abrigo de escorpiões, como obras de construção civil e terraplenagens que possam deixar entulho, superfícies sem revestimento, umidade etc;
  • Preservar os inimigos naturais dos escorpiões, especialmente aves de hábitos noturnos (corujas, joão-bobo, etc.), pequenos macacos, quati, lagartos, sapos e gansos (galinhas não são eficazes agentes controladores de escorpiões);
  • Evitar queimadas em terrenos baldios, pois desalojam os escorpiões;
  • Remover folhagens, arbustos e trepadeiras junto às paredes externas e muros;
  • Manter fossas sépticas bem vedadas, para evitar a passagem de baratas e escorpiões;
  • Rebocar paredes externas e muros para que não apresentem vãos ou frestas;
  • Reparar rodapés soltos e colocar telas nas janelas;
  • Telar as aberturas dos ralos, pias ou tanques.


Como proceder em caso de acidente?


As medidas devem ser adotadas de imediato e o tratamento instituído o mais rápido possível após o acidente.


O que fazer?

  • Limpar o local com água e sabão;
  • Procurar orientação médica imediata e mais próxima do local da ocorrência do acidente (UBS, posto de saúde, hospital de referência);
  • Se for possível, capturar o animal e levá-lo ao serviço de saúde, pois a identificação do escorpião causador do acidente pode auxiliar o diagnóstico.

O que não fazer?

  • Não amarrar ou fazer torniquete;
  • Não aplicar nenhum tipo de substâncias sobre o local da picada (fezes, álcool, querosene, fumo, ervas, urina) nem fazer curativos que fechem o local, pois podem favorecer a ocorrência de infecções;
  • Não cortar, perfurar ou queimar o local da picada;
  • Não dar bebidas alcoólicas ao acidentado, ou outros líquidos como álcool, gasolina, querosene, etc, pois não têm efeito contra o veneno e podem agravar o quadro.

Eloisa Marchetto – Bióloga Unicontrol
CRBio 075949/03 - D

21 de jul. de 2015

Traças e suas características

A traça é a larva da borboleta (Lepidópteros) que, segundo a espécie, se desenvolve em ambientes variados, trazendo danos à várias coisas: trajes, tapetes, cereais, árvores frutíferas.

As traças fazem parte dos insetos domésticos. São pequenas borboletas de asas sutis que fazem breves vôos. As traças no estado de borboleta que vemos voarem em nossas cozinhas, armários, despensas, depósitos em geral, não constituem o maior problema de infestação, pois tratam-se de traças fêmeas que já depositaram seus ovos, ou de traças machos que já concluíram seu ciclo de reprodução. Porém, certamente outros machos e outras fêmeas escondidos permanecerão se reproduzindo caso não haja intervenção.

Os verdadeiros responsáveis pela infestação das traças são as larvas dotadas de um aparato mastigador com mandíbulas muito desenvolvidas com as quais provocam danos grandes nas nossas casas, armazéns e estabelecimentos.


As traças se diferenciam em duas categorias: Traças dos tecidos e Traças dos alimentos:

Tinea pellionella

É a traça da lã, das peles e dos panos, pertencentes à família dos Tineidae. A dieta das suas larvas é constituída de queratina, substância que encontram sob os substratos orgânicos: peles, plumas, pelos de ovelhas, alpacas, lã com uma particular preferência pelo cashmere, mas também seda e, às vezes, fibras vegetais como o algodão.

Ciclo Vital

As fêmeas das traças depositam diretamente sobre os materiais onde as larvas poderão nutrir-se. O tempo necessário para o desenvolvimento completo da traça ao estado larval é de 2-3 meses. Neste período, a traça cria um refúgio construído cortando os pelos na base que depois une com uma baba sedosa. Neste casulo, que cresce na mesma medida com que cresce a larva (1cm cerca) se desenvolve a crisálida.

A temperatura ótima para o desenvolvimento das traças é de 25°C e uma umidade de 75%, e em um ano podem desenvolver-se 2 ou 3 gerações.



Plodia interpunctella

Este é o nome verdadeiro da traça do alimento, que são aquelas borboletinhas que se encontram nas pequenas e grandes despensas, mas não são consideradas verdadeiras traças. Atacam alimentos como farinha, legumes, espécies, chá, arroz cereais etc, e a sua dieta não é a base de queratina. Esta categoria de traça está presente em todo o globo terrestre.

Ciclo Vital

O ciclo vital da traça do alimento inicia em março e termina no mês de outubro. A fêmea desta traça deposita cerca de 300 ovos e o desenvolvimento das larvas dura 41 semanas, durante as quais se nutrem e metabolizam tudo aquilo que encontram na despensa, infestando qualquer coisa e são capazes de se infiltrar também nos recipientes herméticos.



PREVENÇÃO À INFESTAÇÃO DAS TRAÇAS

Tratando-se de Lepidópteros, ou seja insetos que voam, a infestação da traça pode chegar do externo em nossas casas e nos depósitos e armazéns, mas também através de material, seja alimentar que tecido animal, já infestado.

Portanto, ao prevenir uma infestação de traças o primeiro intervento útil consiste em um atencioso controle de peças de roupas ou outro material que entra no ambiente em qual vivemos.

As traças são insetos que preferem uma temperatura quente-úmida, então uma estratégia útil é colocar tecidos e roupas em locais limpos e desinfestados, e em ambientes de baixa temperatura, areados e secos.

As larvas se nutrem de queratina, mas precisam também de gordura que encontram nos tecidos não adequadamente limpos para sobreviverem. Por isso, uma ação preventiva consiste em colocar os vestuários limpos e lavados ou então escovar o pó deles, estendendo-os ao ar livre, usando um desengordurante sobre as partes como os colarinhos e punhos onde as larvas das traças podem encontrar a gordura da qual necessitam. Outras dicas são usar recipientes de plástico para protegê-los no tempo, usar telas mosquiteiras e lâmpadas de luz UV que capturam os insetos adultos. 

Restam entretanto de fundamental importância para a proteção completa dos nossos indumentos o uso de produtos anti-traças. Existem produtos químicos e também naturais como a lavanda, a menta, o cedro (essências) que não são nocivos e tóxicos (como é o caso das tradicionais cânfora e naftalina). Adicionalmente, a cor amarela também é um ótimo anti-traça.

Por fim, é importante a limpeza cuidadosa e a remoção do pó constituído de fibra de lã, pelos de peliça, seda e algodão sobretudo nas empresas que trabalham com estes materiais. O controle, sobretudo na primavera, é quase que indispensável para verificar eventuais presenças de borboletas das traças ou das larvas.

Paulo Junior - Equipe Técnica Unicontrol

14 de jul. de 2015

Enchentes e seus riscos.


Em épocas de chuvas torrenciais, é importantíssimo ficar em estado de alerta com relação aos riscos que as inundações podem causar à saúde. Isso porque as águas que transbordam dos rios e bueiros entram em contato com a rede de esgoto e com animais portadores de doenças e seus excrementos (fezes e urina). Portanto, ficam contaminadas e criam oportunidades para a entrada de vírus, bactérias ou vermes pela pele, principalmente se houver feridas. 




É preciso ficar atento a qualquer sintoma após o contato com a água de alagamentos. A leptospirose, por exemplo, pode levar de um dia até um mês para se manifestar. Os seus sintomas mais comuns são febre, náuseas, dores de cabeça e nos músculos, principalmente na panturrilha.

É importante lembrar que assim como a água proveniente da enchente, a lama restante nas ruas e casas pode se tornar um risco para a saúde. Afinal, ela também traz bactérias e dejetos animais, como a urina de rato, transmissora da leptospirose. Para quem não puder evitar o contato com a lama, entulho ou esgoto restantes do alagamento, a dica é que sejam utilizadas botas e luvas emborrachadas, ou até mesmo sacos de plástico para proteger os membros. Em todo caso, se aparecer qualquer sintoma, procure um hospital o quanto antes. Conheça as principais doenças e proteja-se:



Leptospirose 
É transmitida por meio do contato da pele com água contaminada com urina de rato. Por meio de pequenas lesões na pele, a bactéria entra na corrente sanguínea e instala-se nos chamados músculos longos (como o da batata da perna). Se o tratamento não for imediato, pode atingir pulmões e rins, provocando a morte. Os sintomas são dores de cabeça e muscular, febre alta, calafrios e fraqueza. Esses sintomas surgem, em geral, de 10 a 14 dias depois do contato com a bactéria. Pele amarela significa estágio avançado da doença. Por isso, diante de qualquer sinal, não se automedique e procure um médico imediatamente. 

Hepatite A 
Essa doença causa problemas no fígado e é transmitida por meio da ingestão de água contaminada pelo seu vírus. Trata-se de uma doença altamente transmissível, ou seja, passa de uma pessoa para outra por saliva, sangue e contato sexual. Náusea, febre, falta de apetite, fadiga, diarreia e icterícia são os sintomas mais comuns. 

Febre Tifoide 
Causada pela bactéria Salmonella typhi, que também pode estar nas águas das enchentes. É uma doença rara, mas mortal. O contágio só ocorre com a ingestão de água ou alimentos contaminados. Sintomas: dor de cabeça, febre que aumenta e diminui, vômito, falta de apetite, diarreia e intestino preso (alternadamente), fraqueza e problemas cardíacos, entre outros. 

Salmonela e cólera 
Seus sintomas são diarreia e desidratação; e sua transmissão acontece também através da ingestão de água contaminada. Além delas, micoses e infecções gastrointestinais completam a lista de doenças provocadas pela ingestão de alimentos e água infectadas.


Dicas de prevenção

Para evitar problemas durante e depois da enchente, tente ter o mínimo de contato possível com a água contaminada e mantenha os alimentos protegidos dela. Beba somente água filtrada ou fervida e nunca reaproveite a da enchente;
Não permita que crianças nadem ou brinquem nesses locais que podem estar contaminados com a urina de roedores;
Se você estiver de carro, não avance para locais que estão alagados. Estacione o veículo em um local seguro e espere a chuva diminuir e a água abaixar;
Se sua casa for atingida, procure ficar nos locais mais altos e seguros, como móveis ou telhado. Evite sair, pois além do contato com a água suja, corre-se o risco de cair em armadilhas como correntezas e bueiros, que podem levar ao afogamento;
Se a água invadiu a casa, jogue fora os alimentos perecíveis (frutas e legumes);
Após as águas baixarem, é importante higienizar o local. Lave pisos, paredes e bancadas, desinfetando com produtos à base de cloro. Existem vários produtos disponíveis no comércio. Comece rapidamente a limpeza dos locais atingidos pela água e pela lama, protegendo-se com botas e luvas de borracha para evitar o contato da pele com a água.  Se isto não for possível, sacos plásticos duplos amarrados nas mãos e nos pés podem ajudar.

Equipe Técnica Unicontrol. 


7 de jul. de 2015

Pulgas em roedores?! Um problema para nós humanos e nossos bichinhos de estimação!

Os roedores sinantrópicos (que convivem no mesmo ambiente do homem) adaptaram-se rapidamente as alterações ambientais realizadas pelo homem e a dispersão desses roedores é favorecida pelas rotas de comércio e transporte de alimentos; além disso, vivem em grandes grupos.
Eles desempenham um papel importante na transmissão de doenças, tanto para humanos (zoonoses) quanto para animais domésticos, sejam por sua urina, fezes, mordidas ou através de seus ectoparasitos, ou seja, parasitas que vivem na parte externa do corpo do hospedeiro.
Um ectoparasita muito conhecido que causa diversos problemas à saúde tanto de animais de estimação quanto a nós, seres humanos, pois são responsáveis pela transmissão de diversas moléstias, são as pulgas.


Em animais domésticos uma doença bem comum é a Bartonelose. É uma doença causada por uma bactéria do gênero Bartonella e pode infectar animais domésticos e seres humanos. Após a transmissão pela picada da pulga, as bactérias se multiplicam dentro das células vermelhas do sangue, causando anemia, febre, prostração e perda de peso. Animais imunodeprimidos, filhotes e idosos parecem ser mais suscetíveis ao agente, apresentando quadros mais graves da doença. Nos casos mais graves alguns animais desenvolvem uma alergia grave às picadas de pulgas (chamada dermatite alérgica à picada da pulga) e desenvolvem sinais, tais como comichão intensa, que pode durar muito tempo depois de as pulgas serem eliminadas.

Em humanos, as pulgas podem causar irritações cutâneas e lesões por causa da picada. Com isso, é mais fácil para um fungo ou bactéria se instalar, ocasionando uma infecção. Como um vetor biológico, ou seja, transmissora de doenças, se estiver presente nos roedores pode transmitir em casos mais graves a peste bubônica e o tifo murinho.
A peste bubônica é uma típica zoonose, causada pelo contato com roedores infectados. As pulgas dos roedores “recolhem” a bactéria (Yersinia pestis) do sangue dos animais infectados, e quando estes morrem, procuram novos hospedeiros.  Animais e seres humanos podem ser infectados, quando a pulga liberta bactérias na pele da vítima. A bactéria (Y. pestis), entra então na corrente sanguínea através de feridas na pele, como a da picada da pulga. Outra forma de infecção é por inalação de gotas de líquido de espirros ou tosse de indivíduo doente.
Rickettsia typhi ou a Rickettsia mooseri, são bactérias causadoras do tifo murino, são transmitidas para os humanos pelas pulgas do rato. Apenas quando cresce muito o número de animais contaminados, as obriga a procurar novos hospedeiros e facilita a disseminação da enfermidade. Quando esses insetos picam o homem, liberam fezes infectadas pelas bactérias que penetram no organismo humano causando febre alta (39 à 40ºC), dor de cabeça, mal estar, náuseas, vômitos, tosse, dor de barriga, diarreia e manchas avermelhadas na pele. Caso o problema se agrave podem causar sangramento na pele, pressão baixa e choque circulatório. O problema é que ela pode ser confundida com as lesões do sarampo ou da rubéola!
Portanto, você já percebeu que há motivos de sobra para combatermos tanto os roedores quanto as pulgas, que não só causam danos à saúde dos nossos animais de estimação, mas também à nossa saúde e também prevenir com a higiene pessoal, como lavar muito bem as mãos!

Júlia Mósena – Equipe Técnica Unicontrol


Bibliografia consultada:
http://www.minhavida.com.br/saude/temas/pulgas