1 de set. de 2015

Um tratamento mais eficaz para o envenenamento por mordidas de cobras pode estar a caminho

Geralmente, os acidentes com cobras são tratados com o soro antiofídico - obtido a partir de anticorpos do sangue do cavalo, normalmente causam as vitimas hemorragias e problemas teciduais locais.Alguns animais, como as próprias serpentes e alguns mamíferos, apresentam resistência ao envenenamento por mordida de cobras. Foi ao observar essa propriedade entre os gambás que a equipe do Instituo Oswaldo Cruz (IOC) decidiu estudar que composto presente no sangue do animal poderia neutralizar o efeito das toxinas encontradas no veneno de cobras como a Jararaca.Os pesquisadores do Laboratório de Toxinologia do IOC trabalham na produção em laboratório de inibidores de toxinas ofídicas originalmente isoladas do sangue do gambá sul-americano (Didelphis marsupialis).



A equipe identificou, então, duas principais proteínas que estariam envolvidas no processo de neutralização: DM43 e DM64. Enquanto a primeira inibe a ação de compostos que atuam destruindo algumas proteínas do animal afetado e gerando causando a hemorragia, a segunda age sobre as proteínas responsáveis pelos transtornos musculares causados à vítima. "Com isso, confirmamos que o sangue do gambá tem "armas" contra os efeitos mais graves dos venenos de cobras", afirma Perales.

Para avaliar a atividade exercida pelas moléculas, foram feitos testes com camundongos e coelhos. "O tratamento com DM43 e DM64 mostrou-se mais eficiente até do que os soros antiofídicos normalmente usados para tratar pacientes mordidos por cobras" revela o bioquímico. O passo seguinte foi descobrir uma maneira de produzir artificialmente essas moléculas.

Os pesquisadores clonaram, então, a parte do DNA do gambá relativa à produção das duas proteínas. "Esse processo auxiliou a caracterização e o sequenciamento das moléculas", relata Perales. "Agora, estamos trabalhando em um método específico para 'fabricá-las' em laboratório, e possibilitar a produção em larga escala". Segundo o pesquisador, a utilização do soro retirado diretamente do gambá não seria vantajosa porque, além da baixa concentração dessas proteínas no sangue do animal, o processo de purificação seria longo e custoso.

Perales espera que, futuramente, a equipe consiga determinar a melhor forma de produzir as moléculas e sintetizar um medicamento para o tratamento dos acidentes ofídicos. A produção em larga escala, no entanto, não está nos planos dos pesquisadores, que pretendem continuar o estudo verificando a eficiência da DM43 e da DM64 contra patologias como algumas neoplasias (tumor) e a osteoartrite (degeneração das cartilagens acompanhada de alterações das estruturas ósseas vizinhas).

Júlia Mósena – Equipe Técnica Unicontrol

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